quarta-feira, 30 de março de 2011

O JORNALISMO E A DITADURA DA RAPIDEZ















Na ânsia pela primazia e consequente reconhecimento, o jornalismo está sacrificando sua principal moeda de troca junto ao consumidor: a credibilidade. Não são poucos os casos de matérias que não são checadas como deveriam e acabam tendo que ser desmentidas em seguida. Ou a distorção de fatos para que determinados acontecimentos se transformem em notícia.

O efeito perverso dessa corrida desenfreada para dar a notícia em primeiro lugar, principalmente na internet, é que o pobre do leitor já não sabe em quem ou o que acreditar.

Será que o furo é tão importante assim?

Vejamos o caso dos jornais impressos. Hoje, um grande percentual da circulação dos grandes jornais é via assinatura, então o furo, a princípio só afetaria a venda em bancas, onde as primeiras páginas estariam expostas. Todavia, sabemos que as bancas hoje são lojas de conveniência que vendem de tudo e prestam serviços, como fax e xerox. O espaço limitado, na maioria das vezes, nem permite a exposição adequada dos jornais. Além disso, o leitor fiel de um determinado jornal, ainda que compre o concorrente por causa do furo, não deixará de comprar seu jornal preferido. Ou, se o fizer, será apenas nesse determinado dia. Excetuando-se profissionais que dependem de várias fontes de informação, o leitor comum tem o hábito de comprar o jornal que, de alguma maneira, espelhe seu modo de pensar, seus valores. Um leitor conservador nunca vai comprar um jornal liberal. E vice-versa.

No caso da internet, que é onde ocorrem as maiores barbaridades, não se justifica soltar um notícia em primeira mão sem antes checá-la devidamente, pois não há evidências de que os acessos ao site aumentem em decorrência dos furos que ela deu antes dos outros.

Tenho minhas dúvidas de que alguém acesse todos os sites de notícia online, toda hora. Ainda que haja um maníaco por notícia que o faça, quando ele acessar o primeiro site e ler todas as notícias que lhe interessar, se passarão, no mínimo, 10 minutos até que ele acesse o próximo site, e assim por diante. Então, a menos que ele registre quem deu o quê, a que hora, nunca vai saber quem deu primeiro.

A menos que eu esteja redondamente enganado, o leitor quer informação com conteúdo, checado e rechecado. Com todos os elementos que contextualizem o fato. E não faz a menor diferença se soubermos 5 ou 10 minutos antes. Queremos é informação de qualidade.

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