sábado, 20 de agosto de 2011

JORNALISMO: ENSINO ANACRÔNICO

O tema renovação na linguagem do  jornalismo é tão comentado quanto não colocado em prática.
Embora todos endeusem as novas tecnologias e plataformas, muito pouco se faz para se adequar temas e linguagens aos novos tempos.
E as universidades, ao se dedicar apenas ao ensino, estão deixando de lado um dos principais pilares de sua existência: a pesquisa.
Ao acessarmos os sites noticiosos a coisa que mais nos chama a atenção é o fato de que todos, sem nenhuma honrosa exceção, são antigos. Tanto no tratamento visual e operacional, quanto no conteúdo. São textos feitos como se fazia há 20/30 anos atrás, embora muitas vezes sejam redigidos por profissionais na faixa de 20 e poucos anos.
Por que isso acontece?
Ora a resposta é mais do que óbvia: foram "treinados" a escrever dessa maneira!
Isso é muito preocupante pois os jornais estão perdendo cada vez mais espaço, principalmente os impressos.
Pesquisas mostram que assinantes e venda em banca dos jornais impressos estão nas faixas etárias mais velhas da população. Excetuando-se profissionais que forçosamente tem que acompanhar noticiário que influencia suas decisões, os jovens não se interessam em ler jornais.
Mas o que tem que ver o jornalismo impresso com o digital?
Tudo. Pois se escreve no digital exatamente da mesma maneira que se escreve no impresso. Um dos principais motivos é que, embora muitos sejam jovens, foram ensinados por professores na faixa de 40/50 anos que aprenderam dessa maneira e sómente repassam esse conhecimento.
Na Unisanta, de Santos, há um professor que diz que temos de escrever como se fôra para nossas mães, para que seja de fácil compreensão. Mas a verdade é que queremos aprender a escrever para nossos filhos ou colegas, não para as mães.
E aí a coisa se complica: quem domina a matéria? Quem sabe como se comunicar com esse público-alvo? Quem tem uma história vencedora nesse campo?
O novo já está instalado e não se sabe como lidar com isso.
E o mais preocupante é que sites de alunos de instituições de ensino de ponta no jornalismo, a exemplo da Casper Líbero, também seguem o mesmo modelo ultrapassado.
Está na hora dos alunos tomarem a frente no processo, exigindo das universidades espaço para experimentação. Voltados para o novo, para o futuro.
Promover o intercâmbio entre cursos e interesses. Se temos um curso de produção multimídia por que não envolvê-los na criação do visual do site noticioso? Por que não criar duplas de redação juntando, por exemplo, um estudante de economia e um de jornalismo para explicar o contexto e consequências de um fato econômico relevante? Por que não envolver o curso de marketing em pesquisas no público-alvo visando descobrir motivações e expectativas?
Combater a tirania das pautas e só escrever o que é realmente relevante. O que realmente interessa e faz a diferença. Apurar e não simplesmente replicar o que os outros publicam. Não permitir que as assessorias de imprensa nos pautem.
Está tudo aí, sem grandes investimentos.
Se ninguém sabe o caminho das pedras, não há problema em errar. Em tentar novamente. Em quebrar a cara. Sómente testando é que se poderá vislumbrar, talvez, novos caminhos para o jornalismo.


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