Entro no quarto, tarde da noite, e ela está lá a minha espera.
É uma velha conhecida, que me acompanha desde o nascimento.
Embora sentisse a sua presença ao longo da vida, foram poucas as vezes em que a vi. Sempre de relance.
Mas não estava surpreso.
- Está à minha espera? pergunto.
- Sim. Vim te buscar.
Olho-a, e o que vejo é maravilhoso. É a coisa mais bonita que já tive a oportunidade de ver. E não é só isso, sente-se nela a paz transcendental que todos procuramos. Uma pureza intocada. Uma doçura inebriante.
- Você se lembra do seu primeiro beijo? ela me pergunta.
E começamos a relembrar as passagens marcantes da minha vida. E, estranhamente, vou ficando leve com a lembrança das coisas ruins se dissolvendo sem deixar vestígios. O que fica é só o que de bom me aconteceu, e sinto apenas a bondade das pessoas com as quais convivi.
Então, ela olha para mim, com um sorriso contagiante, abre os braços e diz:
- Venha, está na hora.
Eu atravesso o quarto me livrando das roupas e me perco no seu corpo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário