domingo, 25 de abril de 2010

Imunização

                                             (by Caribb - Creative Commons)


Ontem passamos a tarde no centro de Santos realizando um laboratório de fotojornalismo. Tudo transcorreu dentro da normalidade do começo ao fim e foi bastante proveitoso, pelo menos para mim.
Quando estávamos nos dirigindo para uma cafeteria nos deparamos com um atropelamento. Eu, automáticamente procurei minha câmera para registrar o evento. Foi então que o professor me dissuadiu de tirar a foto alegando que isso era tão corriqueiro que não era notícia.
Compreendi e acatei a sugestão, afinal de contas depois de trabalhar em marketing por tantos anos, tenho consciência dos parâmetros que norteiam essas decisões. Todavia acabei me arrependendo por que, no mínimo,  serviria para ilustrar este post. Não sou favorável ao sensacionalismo, mas pude compreender o processo mental que, quando se assume o papel profissional, faz com que se coloque de lado as aversões que se possa ter aos fatos. Eu normalmente evito olhar para acidentes de todos os tipos.
Mas o principal motivo de estar escrevendo este post é que acabei ficando indignado com o fato de que a violência que permeia nosso dia a dia faça com que um atropelamento se torne um fato sem importância. Que, de tão corriqueiro, os motoristas fiquem cada vez mais irresponsáveis e indiferentes aos pedestres. Se esquecendo, claro, que a partir do momento em que sai do carro ele também se torna um pedestre. E, não importa quem está errado, é obrigação de todo motorista evitar que atropelamentos aconteçam. A vida é uma coisa valiosa demais para ser tratado dessa maneira.
Não precisamos de novas leis, se as que existem forem cumpridas, estaremos bem servidos. Precisamos é que haja um maior rigor por parte das autoridades competentes e acabar com a impunidade.
Veja o exemplo do Japão. Você acha que eles tem um dos melhores transito do mundo por que são bonzinhos e educados? Eles não são melhores que nenhum outro povo. Acontece que as punições lá são tão severas que, na grande maioria dos casos, atropelamentos com morte significam alguns anos na cadeia. Além de ter que pagar uma indenização altíssima para a família da vítima. O mesmo vale para um "simples" atropelamento superficial: tem que indenizar a vítima não só pelos danos materiais como os psicológicos.
Não estou querendo aqui dizer que sou certinho. Sei muito bem dos erros que já cometi ao volante (e ao guidão). O que estou querendo dizer é que dirigi no Japão por cerca de 8 anos e posso afirmar que meu comportamento ao volante mudou da água para o vinho quando tomei consciência das sérias implicações que qualquer acidente ocasiona lá. Além da dificuldade em conseguir a habilitação, não só pelo rigor da avaliação, mas por que o Brasil tem uma péssima imagem com relação ao número de acidentes de transito. Me tornei um motorista tão cuidadoso que, depois de dirigir 5 anos sem uma multa sequer, recebi uma habilitação dourada, o que me permitia ter um abatimento no valor do seguro.
Eu sou melhor que alguém? É claro que não! Tenho defeitos como todo mundo e, como todos, quando a coisa é séria a gente anda na linha.

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