segunda-feira, 12 de setembro de 2011

REFLEXÕES SOBRE OS NOVOS CAMINHOS DO JORNALISMO






Entre leitor/jornal existe uma cumplicidade não declarada, um contrato de credibilidade: o sujeito compra/lê/assiste determinado jornal porque se reconhece nêle. Porque o veículo atende as suas expectativas. Donde se conclui que o discurso da objetividade/imparcialidade serve apenas de justificativa para o leitor enquanto ser social. O veículo expressa o que ele pensa e oferece a ele o anteparo da credibilidade.
Enquanto meio de comunicação os jornais e revistas noticiosas estão em flagrante desvantagem em relação aos que se adaptaram e exploram novas linguagens. O cinema, por exemplo, continua enchendo as salas de exibição e vendendo DVDs. Excetuando-se cinéfilos, os mais jovens não gostam da narrativa arrastada dos filmes clássicos. Gostam é da linguagem dinâmica e acelerada das novas produções.
Os jornais estão apenas preocupados em manter um público conquistado há décadas atrás e a renovação não está acontecendo, ou se acontece não atinge o número dos que vão ficando pelo caminho.
E onde fica a inovação?
Uma das poucas notícias de que temos conhecimento vem da França: em 1995 começou a ser editado um jornal destinado ao público de 10~14 anos, o Mon Quotidien. Além do formato inovador, o editor convoca leitores duas vezes por semana para discussão de pauta. Alavancados no sucesso do jornal foram lançados mais dois títulos: Petit Quotidien para crianças de 7~10 anos e L'Actu para jovens entre 14~17 anos. Juntos atingem uma tiragem de 165.000 exemplares, todos assinantes pois não há venda em banca por causa dos custos de distribuição.
O governo francês, preocupado com a queda de leitores de jornais, lançou um programa de distribuição gratuita de jornais nas escolas mas o resultado foi pífio. O número de assinaturas decorrentes da ação foi irrisória.
O Mon Quotidien executou a mesma ação de marketing, distribuindo gratuitamente o jornal nas escolas e angariou suas assinaturas. Os jovens liam nas escolas e pediam para os pais assinarem. Qual pai se recusa a assinar um jornal a pedido do filho?
Ora, os jovens simplesmente não se identificam com os velhos jornais! Querem algo novo, que espelhe os novos tempos, que fale a sua linguagem, que atenda a seus interesses.
Está na hora dos jornais reconhecerem que pararam no tempo e voltar seu olhar para o que está acontecendo ao seu redor, das faculdades de jornalismo olharem para o futuro e investir em pesquisa de novos formatos e linguagens. O apego ao passado é o caminho para a derrocada.

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