quinta-feira, 22 de abril de 2010

FAÇA O QUE EU DIGO, NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO

(ilustração de Rodrigo Stulzer)


Se você fizer uma pesquisa nas ruas com o tema "o que você acha da corrupção", a esmagadoria maioria, incluindo-se aí todos os estratos da população, irá responder que é contra. Mas o que é corrupção? Segundo o dicionário, corrupção deriva do latim corruptus que, numa primeira acepção, significa quebrado em pedaços e numa segunda, apodrecido, pútrido.
Quando se fala em corrupção, a primeira imagem que nos vem à cabeça é a dos políticos. Quase ninguém pensa nos pequenos delitos praticados no dia a dia e que são, em última instância, a fonte de todos os grandes males. Então, trata-se apenas de uma questão de grandeza? Quer dizer que pegar na empresa em que você trabalha materiais de escritório para usar em casa pode? Só não pode pegar alguns milhões porque aí seria desfalque?
Nos dias de hoje a coisa sofreu tal mudança de significado que se agir corretamente passa a levar a pecha de ingênuo, ou bobo. Tem que ser esperto! E, pior ainda, há quem se vanglorie de ter levado vantagem em transações escusas.
A esperteza e o jeitinho estão tão entranhados em nossa cultura que os estreitos limites entre o certo e o errado são um território enevoado. Só para citar alguns exemplos: pode burlar o fisco, só não pode ser pego na malha fina. Pode cometer infração no trânsito, só não pode ser pego pelo guarda ou o radar (se for pego ainda resta o recurso da propina). Pode colar na prova, desde que o professor não lhe flagre. No caso dos políticos, há uma frase comum na boca de alguns brasileiros que define bem a situação - "Ah, seu eu entro nessa boquinha...". Ora, isso é conivência. Só reclamam porque não tem a mesma oportunidade.
Não estamos aqui fazendo uma campanha para canonizar o povo brasileiro mas tem que haver um certo limite! E quem nunca tiver cometido um lapso que atire a primeira pedra.

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