quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CONHECIMENTO VERSUS PODER














Nesses novos tempos em que há uma enormidade de informações disponíveis, ao alcance de todos, torna-se evidente que a balança do poder está tomando novos rumos.

Conhecimento sempre teve uma relação direta com poder: quem detém conhecimento exerce maior poder. Isso desde o começo dos tempos, quando a tecnologia era ainda incipiente. Imaginemos um clã de hominídeos que tivesse o domínio do fogo. Qual seria a ascendência desses em relação aos que não sabiam como fazer fogo. Dentro desse mesmo clã, o xamã, com seu poder de se comunicar com os espíritos, de influir positivamente nas caçadas, de curar enfermidades, teria sua grande dose de poder.

Vimos ao longo do tempo o conhecimento se disseminando em escalas cada vez maiores e,consequentemente a humanidade evoluindo através da posse desse.

E, no mundo ocidental, o desenvolvimento da tipografia por Gutemberg provocou um salto monumental na distribuição e acumulação da informação.

Nesse momento estamos vivendo um novo salto tecnológico na informação. A internet propiciou a propagação de informações até então impossíveis de chegar ao conhecimento do homem comum. Não há, literalmente, nada que não esteja disponível na rede. Basta saber procurar.

E aí é que surgem questões bastante sérias.

A primeira delas diz respeito à qualidade das informações. Como qualquer um pode disponibilizar conhecimento na rede, muita informação não tem fundamento, está equivocada, ou propositadamente enganosa. Ás vezes, fica difícil separar o joio do trigo. E, como temos predisposição para aceitar o que vai de encontro aos nossos anseios, muitas vezes acontece de falsas informações se propagarem feito incêndio em mata seca.

Na ânsia pelo furo a imprensa não cansa de propagar o que ainda não é fato.Se computarmos todas as vêzes que o Fantástico noticiou a cura de doenças, a humanidade já estaria livre delas há muito tempo. Basta algum cientista obter a possibilidade de conseguir algum progresso na cura do câncer, que o fato é noticiado como realizado. Culpa dos cientista que buscam os holofotes e culpa dos jornalistas que querem a audiência a qualquer custo.

Qualquer pesquisa que se faça na internet mostrará, no mínimo, alguns fatos conflitantes entre si. Por mais critério que se possa ter, sempre somos levados a uma encruzilhada onde cabe a nós decidir. E nem sempre estamos qualificados para tanto.

A outra questão diz respeito a quem se interessa pelas informações. Elas estão aí, à disposição de todos. Mas quem se interessa por elas? Existia uma grande sede de informação por parte de uma parcela da população, e esta se lançou feito camelo no deserto num poço d'água. Mas, e a outra parcela ? O que elas acessam? Quais são os interêsses e motivações dessas pessoas? Basta visitar qualquer lan-house e espiar por cima da cabeça dos internautas para se ter a resposta.

É claro que não se pode afirmar, mas para um parcela significativa a internet serve apenas como meio de comunicação e acesso a amenidades, tais como colunas de fofocas, celebridades, esportes, etc.. Não que isso também não seja importante, mas é muito pouco.

No passado pouca gente detinha o conhecimento e, consequentemente o poder. Ao longo do tempo o conhecimento foi se disseminando e com ele o poder. A pulverização do conhecimento fará com que, cada vez menos, o poder esteja concentrado em poucas pessoas. Todavia, o baixo interesse em se apropriar dessas informações faz com que o processo não seja tão rápido como se alardeia.

Durante bastante tempo ainda uns poucos vão ter as rédeas na mão!

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