domingo, 26 de setembro de 2010

PARA ONDE VAI O NOSSO DINHEIRO?














Ontem, na parte da manhã, como parte de nosso treinamento em entrevistas, tivemos a presença em aula de Luiz Paulo Silva. Luiz Paulo é fisioterapeuta da Prefeitura de Santos e, dentre outras coisas, foi fundador do Conselho Municipal de Pessoas com Deficiencia de São Vicente.

Como não deu tempo de me antecipar e fazer a lição de casa, pouco antes da entrevista, acessei a internet e tentei cavar alguns dados que me ajudassem a melhorar o teor das perguntas. Daí me deparei com dados estarrecedores:

- a frota de veículos do estado de São Paulo é de mais de 20 milhões de unidades;

- o valor do DPVAT varia de R$ 93,87 a R$ 259,04;

- estamos falando, portanto, de uma receita de mais de dois bilhões de reais;

- o reembolso em caso de acidente em casos de morte ou invalidez permanente é de R$ 6.754,00;

- o reembolso para despesas médicas e hospitalares é de até R$ 1.524,54.

Bem, para começo de conversa, eu pergunto: - O que dá para fazer com todo essa dinheirama da indenização? Comprar uma cadeira de rodas de luxo? Contratar uma enfermeira particular? Fazer fisioterapia nos melhores centros médicos de Cleveland?

Embora, acidentes com vítimas, fatais ou não, sejam muito mais do que gostaríamos, sequer arranham os números de todo esse dinheiro arrecadado. Então eu pergunto o que é feito com o restante?

O terceiro setor, que seria uma alternativa para cobrir as deficiencias do setor público, também pouco faz para atenuar a situação. Sómente em São Vicente, segundo o entrevistado, existem cêrca de 30 ONGs, mas basta dar uma volta na cidade para se ver que pouco ou nada se faz. Parte por falta de verba, parte por má aplicação dos recursos.

Nos preocupamos tanto em ficar olhando para o próprio umbigo, que não nos apercebemos das dificuldades das pessoas ao nosso redor. Se o cidadão comum já tem dificuldades quanto ao transporte coletivo e atendimento médico deficientes, imagine um cadeirante! Só para se ter uma pequena idéia do que estamos falando repare nos ônibus e veja se todos tem elevador e local adequado para cadeira de rodas. E olha que estamos falando apenas dos cadeirantes.

Até bem pouco tempo atrás, não era permitido andar com cão-guia no metrô de São Paulo!

Outro dado preocupante se refere à inserção dos deficientes no mercado de trabalho. Se, por um lado a Constituição garante o acesso, por meio de cotas, por outro lado não investe na infra-estrutura para prepará-los para tal. Se o sistema educacional já é deficiente para as crianças comuns, no caso dos deficientes ela é simplesmente caótica. Não temos professores preparados nem para ensinar o beabá a crianças comuns, quem dirá a um deficiente.

Neste momento pré-eleitoral é bom que se divulgue uma situação alarmante: na última Conferência Municipal de Saúde foi gerado um documento em que se especifica as providências necessárias para minorar os problemas enfrentados por essa parcela da população. O documento foi entregue à Camara Municipal de Santos em agosto de 2009 e, até hoje, não entrou em pauta de discussão!

No dia 21 de setembro se comemorou o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiencia. Você sabia? Viu ou ouviu qualquer menção na imprensa? Nem eu!

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